Correnteza e Escombros fala sobre desejo, procura, encontro. E água, muita água. Seus nove contos, escritos entre 2004 e 2009, falam sobre tentativas de contato entre personagens díspares, usando o líquido como metáfora recorrente do desejo de dissolver-se em algo maior. O livro foi selecionado pelo edital “Novos Autores Fluminenses” da Secretaria de Estado da Cultura do Rio de Janeiro em 2011 e publicado pela Editora 7 Letras em 2012, podendo ser adquirido através do site da editora.

O que foi dito:

Ao lado de Carol Bensimon e Antônio Xerxenesky, Olavo Amaral é o escritor que melhor representa a nova produção literária descoberta no Rio Grande do Sul (e agora translocada para o Rio de Janeiro) na segunda metade desta primeira década do século vinte e um. Neste livro de narrativas curtas arquitetadas sob uma unidade rara, o autor percorre e remonta histórias repletas de tensão psicológica. Destaco a alegria de encontrar - nestes dias em que (feito moda e atalho) o realismo pauta a produção literária da grande maioria dos jovens autores - uma voz apta a esmiuçar o fantástico, o fabuloso existente na solidão, no hermetismo que pode ser um de seus resultados, usando variações plásticas de uma linguagem simples e, ao mesmo tempo, rica e autêntica.

Paulo Scott, autor de Habitante Irreal e Ainda Orangotangos

A primeira coisa a se ressaltar é a maturidade técnica de Olavo Amaral. Correnteza e Escombros apresenta nove narrativas nas quais a prosa, segura e consistente, engendra situações perturbadas por elementos suprarreais - algumas se enquadrariam no que se poderia chamar de "fantástico", outras são apenas histórias que fogem do realismo sem fazer disso um projeto, e portanto qualificar o livro todo de "fantástico" seria um erro. (...) O início e o fim, um ecoando no outro, formam um conjunto superior a seus elementos individuais, coroando o livro como uma obra madura e interessante.

Carlos André Moreira, Mundo Livro/ClicRBS

Correnteza e Escombros é um livro de beleza plástica. Em alguns momentos, a linguagem engana o leitor, fazendo-o pensar que está lendo sobre trivialidades, mas, por trás desta superfície aparente, se esconde um oceano vibrante de sensações e significados. Os elementos fantásticos vivenciados pelos personagens aderem ao seu cotidiano de forma intensa, redimensionando as suas vidas, forçando-os a adotar novas visões sobre o mundo que os cerca. Jé dizia Heródoto que “nenhum homem atravessa o mesmo rio duas vezes“. Da mesma forma, nenhum leitor escapará indiferente ao livro de Olavo Amaral, e todo aquele que tocar no seu rio narrativo, acabaré tendo que atravessar outras vezes o mesmo caminho, sempre encontrando uma narrativa nova e fluida a esperá-lo.

Gustavo Czekster, Amálgama

Se compararmos tal mundo ficcional com o nosso, a baliza da realidade nos mostra o incomum, acontecimentos aparentemente impossíveis de existirem na nossa experiência cotidiana. No entanto, tais artifícios ficcionais e cenas insólitas não escondem, mas revelam o frágil homem e suas relações pessoais. Percebemos que mais do que o estranho causado por imagens que nos fogem à compreensão, o que nos chama a atenção, comove e assombra é a solidão humana por trás da narrativa fantástica.

Roberto Carlos Ribeiro, Revista Vox